quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Quero começar a correr - 11 passos a ter em conta

Presentemente, a corrida é talvez o desporto com maior taxa de  crescimento em Portugal (Digo isto por feeling, sem qualquer dado concreto por trás). Mas porque digo isto? Cada mais vemos provas em todo o lado, as cidades estão a organizar mais e mais eventos, que atraem com eles milhares de participantes. A S. Silvestre do Porto, ocorrida no final de 2015, teve mais de 12.000 participantes. Isto mostra que a modalidade está a crescer, e que cada vez mais pessoas estão deixar o sofá, e fazer algo que as diverte, estimula e preenche.


Mas diz lá... que tenho que ter em conta?
O inicio é sempre difícil. Estamos fora de forma, falam-nos em correr 5kms, e dizemos logo "Esses tipos estão maluquinhos da cabeça!!!". Afinal, basta-nos corres 2 min para ficarmos com a língua de fora. Parece impossível alguma vez conseguir correr 10kms! . 
Mas como em tudo na vida, quando nos deparámos com algo que nos é desconhecido, duvidas há muitas. Já certezas, é coisa que raramente nos assiste. Dai ser importante sermos curiosos. Pesquisar, perguntar, experimentar, errar até, para depois aprendermos e evoluirmos. 
Em três tempos ganhamos outra noção da coisa, e será a partir dai que as coisas começam a correr melhor.

Vão receber dicas de alguém que não tem qualquer formação na área. Apenas ideias minhas, que como é lógico, podem estar erradas. O ideal é vocês buscarem conhecimento de fontes diferentes. Colocar em prática o que faz sentido para vocês, e depois ver o que realmente resulta.

1. Check-up

Quase ninguém liga a isto, mas é do mais importante que pode haver. Nunca devemos descurar a nossa saúde. Sugiro vivamente que marquem uma consulta com vosso médico, digam o que pretendem fazer, e peçam os exames apropriados, de modo a terem a certeza que podem começar a correr.
Aqui tem um bom exemplo do tipo de exames que devem fazer.

2. Tipo de passada

Se caíram de paraquedas no mundo das corridas, provavelmente não vão saber que tipo de passada tem. Nem o que isso é sequer. Tem aqui uma boa explicação para os diferentes tipos de passada que podemos ter, e que implicações pode ter.

Mas que ganho em saber meu tipo de passada?
Ao saberem que tipo de passada tem, podem escolher sapatilhas adequadas para esse tipo de passada. Vejam meu caso, sou pronador. Imaginem que não sabia disso. Ia comprar calçado inadequado ao tipo de passada que tenho. Com isso aumenta o risco de lesões, e claro gastamos dinheiro à toa.

Como podem saber vosso tipo de passada?
Há duas maneiras:
  • Barata - Vão a uma loja de desporto e peçam para vos ver isso.
  • Cara - Recorrer a um pedologista ou centro de apoio ao atleta, para fazer um exame completo. Ai vão saber em pormenor, que tipo de passada tem, se tem algum desvio nas ancas/pernas, etc.
    Por norma é um exame que ronda os 60€/100€, dependendo de onde forem.
Minha recomendação
A opção cara. Aprendi isso da pior maneira. Há um ano atrás, comprei umas sapatilhas para pronador. Na semana seguinte, fui a um Centro de Apoio ao Desportista fazer um desses exames completos. Descobri ai que era um pronador avançado, e que as sapatilhas que comprei, embora para pronadores, não conseguiam corrigir minha pronação. Ou seja, por um lado comprei sapatilhas inadequadas para mim, e por outro, aproveitando os conhecimentos de quem me avaliou, obtive recomendações para sapatilhas adequadas ao meu tipo de passada.

3. Palmilhas feitas à medida

Outra lição que aprendi da pior maneira, e sobretudo, mais uma dica que os iniciantes desconhecem por completo. Qualquer sapatilha que comprem, por melhor que seja, tem umas palmilhas genéricas, que como tal, não foram feitas à medida do vosso pé.
Usar palmilhas à medida do vosso pé, é primordial para quem é pronador ou supinador, e muitos especialistas recomendam essas palmilhas, mesmo para quem tem um pé/passada normal. Aqui só posso ir por um colega meu, que mesmo com passada normal, corre com umas palmilhas dessas. Seu feedback é tremendamente positivo, pelo que mais uma vez, recomendo vivamente. Palmilhas personalizadas para todos, independentemente do tipo de passada que tem.

Onde posso comprar?
Basta pesquisarem na Internet, e encontram várias opções. Eu comprei no Centro de Apoio ao Atleta, Trata Pé. O preço mais uma vez deverá andar entre os 60/100€, dependendo de onde vão.  

Nota: No que toca ao Trata Pé, mencionem este blog, e na compra das palmilhas, a consulta associada é grátis.

4. Sapatilhas 

"A peça de equipamento crucial é um bom par de sapatilhas. As estatísticas sugerem que por cada 1,6 km que corremos, os pés atingem o solo cerca de 800 vezes. Tanto os pés como os ténis absorvem o impacto do choque, que depois faz ricochete e sobe pelas pernas até ao resto do corpo. A falta de calçado adequado pode levar a uma série de lesões" by desedentarioamaratonista

É sem dúvida nenhuma, a parte mais importante da corrida em si. Pois é este elemento que está entre os vossos pés e o terreno. É o único equipamento que convém mesmo que seja bom, tudo o resto pode ser de menor qualidade.
É algo que devem pensar apenas após saberem ao certo que tipo de passada têm. A partir dai, é uma questão de experimentarem de tudo um pouco, até encontrarem algo que se sintam mesmo confortáveis. A partir de 60€ já se compra calçado bom. Calçado mesmo bom, costuma começar nos 90€. 
Dica: Experimentarem numa loja física, e quando souberem o que querem, comprem via Internet. Por vezes consegue-se mega descontos. É só estar atento.
Para saberem mais sobre esta dica, recomendo  darem uma vista de olhos neste artigo e neste.

Tamanho: A regra de ouro aqui é comprarem um número, que seja 1.5 acima do que calçam. Se calçam 41, comprem 42.5. Mas a chave mesmo, é experimentarem vários modelos, e sentirem-se confortáveis com o que escolherem. 
O ter que ser maior que o número que normalmente calçam, é devido ao facto de o pé inchar com a corrida.

5. Comecem com calma 


Mais vale correr 1h por dia em 5 dias, do que correr 5h em 1 dia!
Tentem seguir esta máxima. Vossa introdução à corrida deve ser progressiva, de modo a habituar o corpo ao esforço, passo a passo. Não queiram saltar etapas. Até porque correm o risco de ficar lesionados, ou simplesmente cansados de tal maneira, que a desmotivação vem logo a seguir, e desistem prematuramente.
Algumas recomendações:
  • Primeiro mês, façam 3 a 4 treinos por semana, sempre com pelo menos um dia de descanso. Se nunca correram ou estão fora de forma, recomendo 3 dias por semana.
  • Antes de caminhar temos que aprender a gatinhar. Aqui é a mesma coisa. Antes de correr devem começar a caminhar. Comecem com 30min de caminhada, e passem para 40 min e 50 min na 1ª semana.
  • Na 2ª semana, intercalem corrida com períodos a caminhar. Corram em passo lento e deixem o ritmo sair naturalmente. Se sentirem fadiga ou dor, parem de correr! Aqui o objetivo não é desatarem logo a correr, mas sim habituar o corpo ao esforço, gradualmente. A ideia é passar cada vez mais tempo a correr e menos tempo a caminhar.
    A partir da 3ª semana vão começar a sentir melhorias, mas mesmo ai não saltem etapas.
  • Quando conseguirem correr 30min sem parar, a fase inicial da vossa introdução à corrida estará concluída.
  • A partir dai os aumentos das distâncias devem ser progressivos. No máximo 10% por semana, ou seja, se numa semana correram 50kms no total, na seguinte, podem correr 50,5kms.
5. Alongamentos

Talvez das coisas mais importantes e ao mesmo tempo descuradas, sobretudo por entre corredores inexperientes. O acto de correr, é um movimento muito repetitivo, o que leva a um aumento de rigidez, de certas partes das nossas pernas, levando a uma perda de flexibilidade, o que aumenta o risco de lesões, dai ser importante alongarmos muito bem no fim. É absolutamente fundamental que incluam em todas as vossas corridas o seguinte:
  • Aquecimento/Warm-Up (pode ser em corrida) de 10 a 15min, antes de começarem o treino.
  • Recuperação/Cool-Down também de 10 min (corrida em passo muito lento), no fim do treino.
  • Sessão de alongamentos feita sem pressas, e sobretudo bem-feitas.
    Aqui recomendo 30s por alongamento. Não tem que forçar à maluca. Basta sentirem alguma dor no alongamento, sem forçar mais que isso.
Na internet encontram vários bons exemplos dos alongamentos a fazer. Recomendo darem uma vista de olhos aqui.

6. Fortalecimento muscular

Outro tópico importante, que já falei aqui.  Não basta correr, é necessário fortalecer o nosso corpo, para melhor suportar os impactos próprias da corrida. É um desporto que castiga muito as articulações, pelo que convém termos tudo bem reforçado para prevenir possíveis lesões, e melhorar nosso rendimento/performance. 

7. Pré-corrida o que fazer/evitar

A alimentação daria um tópico por si só, pelo que não vou alongar-me muito. A chave aqui é não comer, nem beber muito antes da corrida/treino. Devem garantir que estão hidratados, e que comeram no máximo até 1h antes da corrida. Podem comer um pão com marmelada ou compota, e depois  uma banana mesmo antes de começarem.
Naturalmente quanto maior a distância que vão fazer, mais "gasolina" tem que ter no depósito. Com o tempo e experiência, vão aprender a ajustar o que comem, conforme o que tencionam fazer na corrida.
Podem sempre levar uma barra energética ou de gel, que vos dê energia durante a corrida. Falando de mim, por norma só preciso disso quando passo dos 15kms. Mas cada corpo tem necessidades diferentes. Mais uma vez, a experiência conta irá ajudar.
Se derem um salto aqui, vão saber de 15 bons alimentos para este efeito.

8. Alimentação

Outro tópico que nunca pode ser descurado. Se só comerem porcarias, não vão lá. Se não incluírem no vosso regime, aquilo que vosso corpo mais necessita, vossa performance irá sofrer e muito. Também aqui, o processo de aprendizagem pode ser moroso. Mas com o tempo vão aprender a gerir melhor e sobretudo, a saber o que comer e não comer. A ideia não é ficarem reféns do que comem, afinal temos objetivos diferentes, e sobretudo, é suposto ser divertido. Mas por norma, quando sentimos nosso rendimento a melhorar, ganhamos um animo acrescido, que nos impulsiona para mais e melhor. Alimentação incluída.
Não acredito em dietas ou mudanças alimentares radicais. Acredito em mudanças graduais no nosso regime alimentar, de modo a haver espaço para tudo, até para porcarias. Afinal 99% de nós corre por lazer, e não para ganhar provas à geral.
Aqui encontram um regime alimentar, para alguém que tem como objetivo, fazer uma prova de 10kms.

9. Hidratação

Outro factor muito importante, e que influencia vosso rendimento bem mais do que imaginam. A ideia é estarem suficientemente hidratados, para que não tenham sede durante vosso treino/corrida. A partir do momento que começam a ficar desidratados, vosso rendimento desce drasticamente. E depois, mesmo que bebam água durante a corrida, já não vão a tempo de salvar vosso treino.
Aqui existe um antes, um durante e um pós-corrida.
Devem passar a incluir no vosso dia-a-dia o hábito de beber água regularmente. Não apenas às refeições, mas ao longo do dia. Devem evitar beber à golada, pois o vosso corpo não vai absorver a água toda que ingerem, a maioria vai para o estomago, o que faz com que se torne uma espécie de lastro, do que outra coisa qualquer. Devem sim beber constantemente, mas pouco de cada vez.
Não irei falar em detalhe do que devem beber, pois acho que aqui já explica muito bem.
Vou apenas deixar algumas notas:
  • Tenham em atenção que aquilo que devem beber antes, durante e após a corrida, é sempre diferente
  • Devem também ter em atenção que aquilo que bebem durante e após a corrida, tem que ter em conta a extensão da corrida em si, e as condições meteorológicas.
  • Quanto mais gastam mais tem que repor no fim. E aqui é um dos pontos mais descurados por quem corre. Esquecem-se de repor o que perderam/gastaram após a corrida.
    Tentem ver os ciclistas no fim das etapas. Estão a ser entrevistados nem 5 min depois de acabarem, e já estão a repor líquidos.
10. Descanso
Absolutamente fundamental, seja para desporto ou para qualquer outra parte das nossas vidas. Temos que dar tempo ao nosso corpo para recuperar dos esforços a que o sujeitamos. Só assim ele poderá recuperar, e preparar-se para a "coça" seguinte. 
Aqui podem encontrar um bom artigo a respeito. Como rapidamente vão aprender, isto não é sempre a aumentar distâncias, semana após semana. Tem que haver períodos de recuperação, mesmo nos treinos. Por isso vão ter semanas em que ou param de treinar, ou diminuem tudo. Cargas, distâncias, ritmo, etc.
No descanso devem pensar sempre em outras coisas, como massagens. As massagens são um excelente (embora muitas vezes doloroso) meio de diminuir a tensão muscular, e promover o relaxamento dos músculos.
Além disso não se limitem a correr. Arranjem outros hobbys.

11. Competir
 
Não há nada que puxe mais por vocês e vossos limites, do que as corridas. Basta irem a uma corrida, e vão deparar-se com uma realidade diferente, e sobretudo vão conseguir resultados (ritmo, distância, etc), que julgavam impossíveis. Nas corridas há sempre alguém à nossa frente, e mesmo que não tenham aquele espírito competitivo, vão dar por vocês a correr mais rápido do que imaginavam/esperavam.
E depois, aquela sensação indescritível de chegarem ao fim. Funciona como combustível. E quanto mais difícil foi a prova, mais forte e boa, é essa sensação. Dá-nos vontade de procurar pela próxima corrida, pelo próximo treino. E com esse aumento de motivação (que também já falei aqui), nossos treinos melhoram, e melhoramos nosso nível mais depressa do que alguma vez imaginamos.

Espero que estas dicas vos sejam úteis.

Boas corridas.
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S. Silvestre Esmeriz 2016 - Rescaldo

Acabei 2015 com uma S. Silvestre, e comecei 2016, com outra. Uma excelente maneira de entrar em 2016, participando numa das primeiras corridas do ano, com muito frio à mistura. O rescaldo desta prova, vem já a seguir.

Após receber um convite de uma colega, decidi participar numa das primeiras (senão a primeira) corrida do ano. Logo no dia 1, em Esmeriz - Braga, uma prova com a extensão de 9kms. Nunca tinha feito esta prova, embora tenha lá estado um ano antes, como parte da equipa da cronometragem.
Foram duas semanas de férias, com bom vida, noites longas, excessos que se refletiram no peso corporal.

Como foi a prova?
Foi-me dito que era uma prova difícil, dentro do que se costuma apanhar numa S. Silvestre, com subidas e descidas cominclinações apreciáveis. Com perto de 500 participantes, a prova tinha alguns atletas de topo portugueses, que por norma terminam sempre bem classificados, nas corridas em que participam.
Estava um inicio de noite frio, bem frio. Tentei aquecer bem, mas senti que não foi suficiente, sobretudo pela minha asma.


Como não conhecia o percurso, fiz um inicio de prova cauteloso. Parti do meio do poletão e tentei aproveitar a fase inicial do percurso com terreno plano ou ligeiramente a descer, para rolar, sem forçar nada, enquanto o corpo se habituava ao esforço. Por isso mesmo, os primeiros kms foram relativamente rápidos, recuperando alguns lugares à medida que o entusiasmo de alguns levava-lhes a melhor, com quebras no seu andamento.

Depois a partir do km 4 mais ou menos, começou a parte mais difícil, com muitas subidas, de inclinação apreciável. Como sempre, procurei resguardar-me, mas o frio, associado às limitações que asma impõe, mais a preparação que (não) tenho, levaram-me a parar minha corrida por uns 10s, no topo de uma subida. Simplesmente abafei! Depois disso, e tal e qual como na 2ª volta da S. Silvestre de Braga, perdi algum gás, e não consegui continuar num grupo em que estava inserido. Nessa fase mesmo a descer, já não me senti confortável para puxar. 
Na parte final consegui atacar, aproveitando o facto de ser a descer, e aqui novamente recuperei alguns lugares, embora poucos, pois nesta fase o poletão estava disperso qb.

A primeira subida a séria da prova, a recuperar alguns lugares
No meu Garmin deu 00:38:52, enquanto pela organização deu 00:38:54, 11º entre os Veteranos I. Pois é, aqui o menino deixou de ser Senior este ano, e passou a ser considerado um cota no mundo das corridas. O tempo não perdoa eh eh. 
Mas voltando à prova, o vencedor acabou a prova com o tempo de 00:28:43, o que prova o que disse anteriormente. O nível era bom. Podem achar que o tempo não foi nada de especial para 9kms, mas não esqueçam que esta prova não era boa para fazer tempos, devido à natureza do percurso.

E o joelho?
Desta vez, e ao contrário da S. Silvestre anterior, senti algumas dores. Nunca passou para um nível insuportável, mas deu seu sinal de vida. A natureza do percurso pode ter ajudado a isso, mas sinceramente não estou surpreendido. Hoje em dia, por vezes até sem fazer nada sinto algo naquela zona. E não, não estou a imaginar :) 
Como já disse anteriormente, acredito cada vez mais que o que tenho lá seja do tipo crónico, que irá aparecer e desaparecer conforme lhe apetece.

Uma palavra para a organização
Cada vez mais me convenço que estas provas, em localidades remotas, são as melhores para se participar. Pagamos 2€ de inscrição, que deram direito a alguns brindes, e no fim uma bifana, sumos, água, bolo rei e bolo de chocolate. Não deram direito a uma shirt (que não me importava de pagar mais para ter), e os tempos ainda foram manuais. Mas sejamos francos, por 2€ que mais podemos nós exigir? Recebemos bem mais do que aquilo que pagámos. Pensando noutras provas semelhantes onde se paga muito mais, dá que pensar. Fico a pensar que para uns isto é mais um negócio e para outros, como a gente de Esmeriz, é outra coisa... mais pura eu diria.

Futuro próximo
Para o futuro próximo, é continuar a treinar. Já tenho um trail para Março, enquanto vejo outras possibilidades. Os treinos continuam sem grandes alterações, pois ainda não tenho uma Maratona em vista nos próximos meses.

Boas corridas e mais uma vez, Bom Ano.
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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Rescaldo 2015

Podemos pensar que até corremos muito, mas nada corre mais depressa que o tempo. Está prestes a fazer um ano que criei este blog, e quem diria? Um ano já passou. É tempo de fazer um pequeno rescaldo de 2015.

No dia 13 de Janeiro de 2015, criei este blog. A ideia era documentar minha viagem rumo à minha primeira maratona. Estava cheio de entusiasmo, e queria documentar tudo sobre o que um virgem destas andanças, faz, para se preparar para um desafio desta natureza. 
Os treinos, dicas, duvidas, equipamento, receios, medos, expectativas, etc. Queria que no fim, qualquer pessoa que se predispusesse a enveredar por esta mesma viagem, tivesse o testemunho de alguém a fez previamente. Alguém perfeitamente normal, em quem se pudessem rever.
Elaborei um plano de treinos, fiz posts semanais do que tinha feito na semana anterior, ia escrevendo uns artigos do que ia aprendendo. Mas o entusiasmo cedo acabou virando pesadelo. No dia 29 de Janeiro, apenas 16 dias depois de criar este blog, dei a saber as queixas iniciais em relação ao meu joelho esquerdo. Rapidamente o destino da minha viagem passou a ser outro. Descobrir o que se passava com o meu joelho, e tentar resolver esse problema, ao mesmo tempo que tentava que isso não fosse impeditivo, de fazer minha primeira maratona, em Abril de 2015.

Fiz muita coisa para combater a lesão: 
Comecei por fazer trabalho de reforço muscular e flexibilidade. Não serviu de nada no que toca à lesão em si, mas aprendi a mais valia que representa. Sugiro que pesquisem mais sobre isto, não só o que eu escrevi, mas também outros artigos que possam encontrar na internet. 

O primeiro exame que fiz, é também algo que todos nós devemos fazer. Fui a um Centro de Apoio ao atleta, fazer um exame ao meu pé, para saber que tipo de passada tenho, e se tenho problemas que obriguem a tratamento ou uso de equipamento específico. Fiquei a saber que sou pronador avançado no pé esquerdo, e que necessito palmilhas feitas à medida do meu pé, para corrigir essa mesma pronação.

No dia 11 de Fevereiro, no artigo com o resumo semanal, partilhei com vocês o que ia na minha alma. O desânimo começava a instalar-se em mim. Era mais que óbvio que o que tinha não ia passar por si só, mas mesmo assim recusava-me a parar. Queria mesmo conseguir fazer minha primeira maratona.

No artigo seguinte, decidi falar exclusivamente da lesão que me apoquentava, e o que estava em cima da mesa. Relendo o que escrevi na altura, até acho que fiz uma boa análise ao problema.

Após visitar um fisioterapeuta, primeira paragem nos treinos, na esperança que o tempo de paragem fosse suficiente para debelar a lesão. Infelizmente, tal não aconteceu pois quando voltei aos treinos, constatei que o problema continuava lá. O último treino dessa semana foi completamente inglório. Ao reler esse artigo, veio-me tudo à memória. Era suposto ser um treino longo de 22.5kmsCorreu super mal. Comecei a ter problemas perto dos 10kms, e cheguei a um ponto em que corria 200m e parava. Alongava e voltava a correr, para parar novamente 200m depois.
Foi desolador, desmotivador, dífícil. Senti raiva.. desespero.. impotente, por ver que afinal absolutamente nada melhorou no meu problema com o joelho. Vi ali que a Maratona da Corunha em Abril poderá acontecer, mas talvez só de 2016 adiante. Custa ter um problema destas e não conseguir debelar, apesar dos meus melhores esforços. Boa vontade, esforço e perseverança não são suficientes.
Só de reler isto, é suficiente para perceber como fiquei.

Depois disso passei a fazer treinos muito leves, até que decido quase em cima da hora, participar na minha primeira prova do ano, a Corrida do Dia do Pai, no Porto. Não senti problemas no joelho durante a prova (por norma as queixas surgem em distâncias superiores a 10 kms), e para surpresa minha, melhorei minha marca pessoal aos 10kms. Deu-me algum alento? Nesta altura já jogava pelo seguro em tudo, pelo que não posso dizer que tenha dado muito alento.

Após duas semanas em que senti melhorias no joelho, procurando fazer treinos com distâncias até 10 kms, faço o teste decisivo, a cerca de um mês da maratona. Se este teste corresse bem, tínhamos maratona. Se corresse mal, iria parar de vez. Chumbei completamente nesse teste. O plano era fazer 30kms a um ritmo confortável. Mal passei os 10kms, o joelho começou a queixar-se. Lutei por tudo, tentei correr de maneira diferente, mas nada resultava. O joelho ia piorando com os kms. Ao km 17 digo chega! Acabou! Vou parar! E assim foi. E senso assim anunciei o fim desta viagem.

Fiz vários exames. Ecografia, TAC, doppler test e por fim uma ressonância magnética. O doppler test revelou problemas de circulação na perna, que obrigaram a uma cirurgia vascular. Apesar de ser uma cirurgia simples, obrigou a algum tempo de recuperação.
Esta cirurgia que tive, nada teve a ver com a lesão no joelho. Apenas foi algo detectado num exame em paralelo que a médica mandou fazer. No que toca a essa lesão, foi uma montanha russa. A ecografia nada revelou, o TAC revelou problemas no menisco, e já quando contava com a operação, a ressonância magnética mostrou que não tinha problemas ao nível do menisco, apenas umas inflamações crónicas no joelho. Isto já em Agosto, após vários meses parado.

Depois veio a fase maluca. Mesmo continuando sem saber o que tinha, o ficar a saber que não tinha que ir à faca, deixou-me mega satisfeito/aliviado, pelo que de imediato voltei a correr, embora sem objetivos definidos. Sempre de forma gradual.
Até ao final do ano participei em mais três provas, onde numa delas uma queda feia deu-me 7 pontos no braço. E num ápice o ano acabou e cá estamos.

Blog
Quanto ao blog em si. Confesso que não tinha objetivos traçados. Obviamente que, quanto mais Gostos ou comentários tivesse, mais satisfeito ficaria. A esse nível talvez as coisas não tenham corrida muito bem. Isso pode dever-se a vários razões, entre as quais as pobres qualidades de escrita aqui do menino.

Aqui ficam algumas estatísticas de 2015
  • 44 mensagens
  • 95 Gostos no Facebook
  • 6515 visualizações de páginas
  • O gráfico seguinte mostra um pouco a razão de este blog ter pouca visualizações.
    Os artigos com dicas ou reviews a equipamentos foram os mais vistos, por uma larga margem.
    Isso deve-se aos motores de pesquisa do Google. Como são temas que interessam a muitos atletas, é natural que a maior parte das visitas que o blog teve, venham diretamente do Google.
    Por outro lado, como o blog tem uma lista de seguidores ainda pequena, é natural que assim seja.
    Mas acima de tudo, a pouca frequência de artigos da minha parte, sobretudo a partir da minha decisão de parar com os treinos em Março, aliado às parcas capacidades ao nível da escrita, contribuiram de forma decisiva para estes números.
Seja como for não tenho qualquer motivo para estar insatisfeito. Fiz o que pude, e só tenho a agradecer a vocês, que acompanham este blog. Espero que meus artigos, tenham dado um contributo positivo. 
Um especial obrigado aos seguidores, que me deram sua força e apoio, sobretudo quando os problemas começaram a surgir. Há certas coisas que só um corredor entende "Porque não deixas de correr??", estas pessoas, embora bem intencionadas, jamais vão perceber que deixar de correr é tudo menos uma solução desejada por nós.
Já os mails que recebi da vossa parte, a colocar-me questões específicas. Espero ter sido útil nas respostas que dei.
Por fim não posso deixar de agradecer à Bosch pelo patrocínio, e à TrataPé Braga pelo apoio dado, na mão da Dra. Joana Alves.

Saldo final de 2015
Apenas 5 provas efetuadas! Sem maratona, nem sem meia-maratonas, apenas três corridas de estrada e dois trails. Muito pouco para o que tinha em mente no início do ano.
O futuro não se apresenta muito risonho. Cada vez mais me convenço que o que tenho é crónico, e como tal, algo que estará cá sempre. 
A esperança agora recai numas palmilhas feitas à medida do meu pé, cheguei a ter umas, mas perdi-as, estando agora à espera de receber o segundo par.

Desejo-vos um excelente 2016, com muitos kms na perna e acima de tudo, muita saúde.
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S. Silvestre Braga 2015 - Rescaldo

No que toca a corridas, o final de cada ano, representa S. Silvestres em todo o lado. Em 2014 fiz duas. Este ano não tinha planeado participar em nenhuma. Mas depois, numa decisão/impulso de última hora, lá decidi participar, na S. Silvestre de Braga.


Este ano, entrei de férias relativamente cedo. Tinha planeado voltar aos treinos em força, mas um misto de preguiça, com noites mais longas a fazerem-me ver que a idade começa a pesar, fizeram com que não passasse dos dois treinos por semana. No que toca a esta S. Silvestre, deixei o tempo andar, e quando pensei seriamente em inscrever-me na S. Silvestre de Braga, optei por não o fazer, por achar cara demais para a distância que é. Mas confesso, também por não estar com aquela vontade de correr.
Isto tudo, poucos dias depois, de ter falhado um Trail em Viana do Castelo, que já tinha pago. Um jantar de Natal no dia anterior, precipitou o pior. A necessidade de levantar às 06:30, aliado ao sono/cansaço que tinha, levaram-me a não conseguir pura e simplesmente levantar da cama. Nunca antes me tinha acontecido tal coisa. Pura e simplesmente não consegui levantar e acabei dormindo muitas horas.
Nestes dias não só senti na pele o peso da idade que já tenho, mas também que a prática mesmo que amadora, de um desporto como a corrida, obriga a sacríficios, que passam por ter uma vida social mais calma do que tive estes dias. É impossível conciliar as duas coisas e esperar ter resultados.

Mas então quando é que mudei de ideias?
Cada vez mais as festas de Natal, são sinónimo de todo o tipo de eventos, nos centros históricos das cidades, e em Braga não foi excepção. Durante a tarde, houve um desfile pela cidade, no qual participei. Um desfile com muita dança à mistura. Foi um evento muito divertido, pois as ruas estava completamente atoladas de pessoas a ver o desfile a passar.
Pois bem, tanto abanar de capacete espevitou-me, e depois quando dois atletas que iam participar na S. Silvestre, passaram por mim, deu-se o clique... "bora inscrever na prova". Nem perguntei o preço, mas correndo o risco de parecer forreta, 10€ para uma prova de pouco mais de 8kms é um pouco exagerado não? Mais engraçado é o facto de dois dias antes ter-me recusado a participar por achar caro (na altura 7.5€), e depois acabei participando e por um valor superior. Daquelas coisas estupidas que às vezes fazemos.
A parte boa é que agora os tempos passaram a ser eletrónicos, e que as camisolas que deram com os kits, serem indicadas para correr (as anteriores não serviam nem para dormir). Come me inscrevi umas 2h antes da corrida, lixei-me na camisola. Só tinham tamanhos S e XL.

Como foi a prova
Não tenho acesso a números de anos anteriores, mas parece-me que foi de longe, a S. Silvestre de Braga com mais participantes de sempre. Ficaram classificados mais de 1700 atletas. Claro que isto não se compara aos mais de 12.000 que participaram na S. Silvestre do Porto por exemplo, mas numa cidade que até há 2/3 anos não tinha grande adesão a este tipo de eventos, foi bom ver tanta gente a participar.
Esta seria a minha 3ª participação nesta prova, mas com um percurso novo face aos que eu participei. Seriam duas voltas ao mesmo percurso, num total de cerca de 8.6kms.  Não tinha expetativas no que tocava a tempos, pois já não corria a sério há vários meses.

O início foi o costume neste tipo de provas. Parecia que estavam atrasados para as compras de Natal. Um início plano, ligeiramente a descer, em que todo o mundo saiu a a correr feito maluco. Tive o cuidado de não me deixar entusiasmar pela inexperiência/entusiasmo de alguns que me rodeavam, pelo que embora rápido, fui sempre com alguma reserva. A surpresa mesmo assim, era o ritmo a que fiz os kms iniciais.

Por norma consigo fazer inícios rápidos, e depois por volta do km 3, costumo ter uma ligeira quebra (altura em que abafo se não tiver juízo). É geralmente nessa fase, que acuso inícios rápidos acima do que valho no momento, pelo que procurei gerir a partir do km 3. 
O percurso era relativamente plano, com duas subidas relativamente longas, embora com pouca inclinação. Ciente das minhas dificuldades nessas situações, resguardei-me o mais que pude. 
Como devem saber tenho asma, e com o frio que estava, aliado à (pouca) preparação que tinha, minhas pulsações são sempre altas, pelo que basta uma pequena subida para as pulsações dispararem (se tentar manter o mesmo ritmo dos outros).

Sabendo das minhas características, a táctica foi a mesma de sempre. Resguardar nas subidas, recuperar nos instantes seguintes, e tentar atacar mais nas zonas planas ou a descer.
Nunca fui ao limite, excepto na ponta final. Em primeiro lugar por não me sentir confortável em ir a um ritmo que já não fazia há muitos meses (o inicio da tal "dor de burro" que cheguei a ter durante a prova, foi sinal disso), e em segundo lugar por não saber quando é que ia dar o "berro". 


Como podem ver, o inicio de prova foi rápido, muito rápido. Andei sempre abaixo do meu record pessoal aos 10kms. Na 2ª volta, tive ligeira quebra, e não consegui manter a mesma pedalada. Não obstante isso, o tempo final foi muito bom, tendo em conta a preparação que tenho. 
No meu Garmin, deu o tempo final de 00:34:46, com o ritmo médio de 4:13 /km. Pela organização da prova, terminei no  181º lugar, com o tempo oficial de 00:34:54. O primeiro classificado, o atleta Licínio Pimentel, terminou com o tempo de 00:24:48. Levei 10 min do primeiro classificado, o que mostra bem o nível dos participantes desta S. Silvestre, pois 10 min numa distância tão curta, é muita coisa mesmo.

Analisando as duas voltas ao percurso, segundo a organização fiz a primeira volta em 00:17:27 e a segunda em 00:17:27, ou seja, fiz as duas voltas no mesmo tempo Mas não foi assim. Senti uma ligeira quebra na segunda volta, que consegui compensar com a ponta final que fiz, onde dei o que tinha e não tinha, tendo ai recuperado algum tempo e alguns lugares à geral.

Só posso estar satisfeito com o que fiz, tendo em conta a preparação com que estou. Dá-me alento pensar no que possa fazer se me preparar como deve de ser. Mas isso infelizmente, pode ser apenas uma miragem, devido ao meu joelho.

Outra facto positivo desta prova, foi o meu joelho. Não senti qualquer problema durante a prova, e digo-vos soube muito bem não sentir dores. No fim da prova lá se queixou, mas durante não tive problemas.

Momento engraçado da prova
Embora com menos pessoas do que durante o desfile que fiz nessa mesma tarde, estava muita gente a assistir à prova, sobretudo na zona das partidas/chegadas. Quase no final da primeira volta, estou numa zona a descer, que precede uma curva à esquerda, antes da recta da meta. Pois bem, estou ali a descer, com a pica própria de ver um mar de pessoas à minha frente, quando todo o mundo há minha frente começa a bater palmas, e a dar força de uma maneira muito entusiástica. Eu fico meio parvo com aquilo "tipo o que é isto???", quando logo a seguir, vejo a razão para tanto entusiasmo. Passa por mim um jovem atleta, e quando digo jovem é mesmo jovem. Não devia ter mais de 10/12 anos. Os aplausos eram para ele e mais outro puto que vinha atrás dele. Foi um regalo ver os míudos a correr com tanto entusiasmo. 
Nota: Para que conste além da corrida de 8.6kms, havia outra com uma volta apenas. Estes meninos estavam a participar nessa prova ok?? :)

Obrigado pela força. Boas corridas
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