segunda-feira, 21 de março de 2016

Fafe Trail Run 2016 - Rescaldo

Uma semana após melhorar minha marca pessoal aos 10 kms, e finalmente acabar a distância, abaixo dos 40min, foi tempo de atacar o primeiro Fafe Trail Run, na distância mais longa colocada à disposição dos participantes, com 26kms, na fantástica zona de Fafe. A semana que precedeu esta prova, correu muito mal, pelo que as expetativas não eram as melhores. O que acabou por se confirmar, com muita coisa a correr mal. Esta foi sem dúvidas, a pior prova/prestação que tive até hoje.

No papel tinha tudo para ser um trail fantástico, mas duro qb. A zona em que decorreu, é sem dúvida das mais belas do pais. É uma paisagem que é um autêntico regalo, que nos faz sentir bem e que nos fascina. Pelo que por ai, prometia.
Estou numa fase em que tenho provas todas as semanas. Se calhar é demais dirão vocês! Podem ter razão. Mas como sei que a partir de Abril, raramente terei um Domingo de manhã livre. A ideia aqui foi no sentido de aproveitar ao máximo. 
No papel este Trail, era o mais difícil, pelo que estava consciente que era uma prova para sobretudo chegar ao fim, mais anda com a semana péssima de treinos que a antecedeu.

Como podem ver pela altimetria, eram 26 kms bem engraçados. Com um desnível de 1000m, e uma altitude máxima de 893m. Destaco o km 13.5 mais ou menos. Olhem para aquela parede. Já falarei como foi ai.

Preparação para a prova
Correu mal. Senti-me mais cansado que o costume. Não consegui talvez recuperar direito do último fim-de-semana. Entrei na semana sem a mesma energia/vontade que tinha tido até então.
Como sabem, no Domingo anterior participei numa corrida de 10kms, e tentei depois de chegar a casa, correr mais 10kms, para manter a forma. Infelizmente o joelho não me deixou fazer mais do que 6kms.
Devido aos problemas que tenho tido, limito meus treinos a três por semana (já com corrida incluida), para tentar dar mais tempo de recuperação. Para o primeiro treino da semana, tinha planeado fazer 60min. Nas últimas semanas, tenho sentido dores na parte exterior do joelho direito. No final de 2015, quando comecei a usar o meu primeiro par de palmilhas feitas à medida do meu pé, comecei a sentir dores na mesma zona do joelho. E agora tenho sentido esse mesmo problema na mesma zona do joelho, fruto de (pelo menos) dois tendões inflamados.
Neste treino, passei os primeiros 35min com dores nessa zona do joelho. Nada insuportável, pelo que dois dias depois tentei fazer novamente um treino ligeiro. Desta vez aguentei pouco mais de 30min, pois as dores aumentaram mais que o normal.

Dei um salto ao fisioterapeuta, fez-se um tratamento, e sai de lá sem dores.

Se estavas assim porque foste correr?
Boa questão! Meu fisio disse-me que tinha dois tendões inflamados, mas que não lhe parecia grave. Que deveria fazer sempre gelo no pós-treino, e para ver como a lesão evoluía. Mas não disse para parar! Quando a vontade correr é muita, por vezes vamos mais pelo que queremos ouvir/acreditar, do que propriamente pela razão, e aqui foi isso mesmo que aconteceu.


Tempo de correr
Não fazem ideia das coisas que correram mal. Para começar esqueci-me do meu relógio em casa. É impressionante a falta que este dispositivo nos faz. 
Depois foi chegar ao local da prova, levantar o dorsal, preparar e ir para o local de partida. A 5min do inicio da prova, ouço o speaker falar na pulseira eletrónica. Tinha-me esquecido completamente de a colocar. Como tinha o carro a mais de 5min de distância, sabia que ia partir atrasado. Acabei pegando a pulseira de um colega que não participou na prova, e que estava num carro bem mais perto do local de partida. Mesmo assim, partir com cerca de 1min de atraso.

Nos primeiros minutos, tive duas sensações bem diferentes. Dos joelhos senti-me óptimo. Sem qualquer tipo de dor. Não imaginam a sensação boa que foi sentir isso. Por outro lado, senti claramente o pouco tempo de treino que tive na semana passada. Sensações péssimas. Pulsação anormalmente alta, cansaço, sem energia. 
Com isto tudo fui com muita calma. Deixei passar o tempo, pois sabia que com os kms o corpo ia estabilizar, e ia sentir-me um pouco melhor.

Para além das questões com relógio e da pulseira, tive mais um problema, desta vez com o camel bag, que estava furado. Um furo muito pequeno, que só consegui aperceber-me de onde vinha, já na zona de reforço principal.

Mas pior que isto tudo foi mesmo o joelho direito. Mais ou menos ao km 5 comecei a sentir alguma dores lá, nada de anormal. Mas, ao contrário do que era costume, a dor foi aumentando, até que entrei num "jogo" que me vez voltar um ano atrás no tempo. Com a dor aumentar, comecei aos poucos a entrar numa onda de parar de correr, caminhar, voltar a correr e assim sucessivamente. Com o tempo passou a ser mais o tempo a pé do que o tempo a correr. 
Deixei de subir ou descer a correr (era onde as dores aumentavam), tentei correr em cima do terreno mais mole, mas nada ajudava. As dores de 0 a 10 eram um 3, quando muito um 4, mas sabia que se continuasse a correr, as dores iam aumentar, pelo que tentei gerir até onde pude.
A segunda metade da prova, foi mais uma caminhada que outra coisa qualquer, pois cheguei a um ponto que desisti mesmo de continuar a tentar correr, e fiz quase tudo a pé. Resultado, quase 04:40:00 para 26.9kms.

Além de todos os problemas que tive, também meu calçado cedeu.

 

Com este problema a manifestar-se constantemente, semana após semana, só podiam acontecer duas coisas. Ou melhorava ou piorava. E claramente piorou, pelo que o desfecho não pode surpreender.
Segundo o fisio, este tipo de lesão não se manifesta sempre na mesma altura. Pode no inicio, durante ou fim da corrida. Pode ser de pé, ou sentado. Nada é certo.

Foi uma frustração grande, ver os colegas a passar, e não poder fazer o mesmo que eles. Não poder desfrutar da prova em si, e sobretudo não poder fazer algo que me dá muito prazer. Resta ter paciência, afinal as lesões fazem parte disto.

O mais engraçado é que poucas horas depois da prova, já não sentia qualquer dor. Fiz gelo, anti-inflamatórios, etc e como das outras vezes, a dor desaparece. Só se manifesta mesmo durante a corrida.

Uma coisa é certa, não vou sujeitar-me ao mesmo que sujeitei há um ano atrás. Vou continuar com os anti-inflamatórios, exercícios de reforço muscular. Tentar aumentar a flexibilidade da banda iliotibial, e dar tempo ao tempo.
Irei tentar seguir com os meus treinos, mas se vir que me acontece o mesmo, paro o treino de imediato, e nada de corridas.

E a prova em si que tal?
Tratou-se de uma estreia, que há muito já devia ter acontecido. Teve claramente pontos positivos e pontos negativos.
Como pontos positivos, destaco a simpatia do staff. E no que toca a essa simpatia, não me lembro de outra prova onde tenha sido tão boa. Pessoas extremamente prestáveis, a dar muita força e apoio a todos. Sempre dispostas a ajudar.
Em segundo lugar, destaco o percurso. Não senti problemas de marcações de qualquer espécie, o que é de realçar para uma primeira vez.
Em terceiro lugar, tenho que falar do cenário. Paisagem fabulosa, terrenos planos, inclinados, lama, pedra, lagoas. Tinha de tudo um pouco. Tenho muita pena de ter tido todos os problemas que tive, pois não me permitiram desfrutar da prova como ela merece.
Em quarto lugar tenho que falar daquela parede perto do km 14. Se algum atleta conseguir fazer aquela parede a correr, digo-vos já que estamos na presença de um super atleta. Foram precisos vários minutos para chegar ao topo.

Próxima semana tenho uma corrida de 10kms para fazer. Se a vou fazer ou não, dependerá da semana que o precede. Que vou fazer de diferente? Um teste de despistagem. Correr sem as palmilhas a ver no que dá.

Boas corridas.

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